Dia da Consciência Negra: um despertar para a igualdade

Data relembra morte do guerreiro Zumbi dos Palmares, mas não é feriado nacional

Dia da Consciência Negra: um despertar para a igualdade
Foto: Reprodução

O dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, é emblemático e representa um momento de reflexão sobre a igualdade racial no Brasil. É um dia de reverência ao guerreiro Zumbi dos Palmares, que morreu em 20 de novembro de 1695, e por sua luta contra a opressão como líder do maior quilombo brasileiro, o Quilombo dos Palmares. Também é dia de relembrar o papel de Dandara dos Palmares, casada com Zumbi com quem teve três filhos, e líder de soldados na luta contra os portugueses em defesa do quilombo.

O período abre espaço para que possamos contar histórias, criar memórias, enaltecer feitos, traços e relatos das nossas vivências. Tudo isso feito com a nossa própria voz. É um momento para registrar e cobrar tudo o que nos foi, e continua, sendo negado.

Acredito que é deste encontro com o passado, presente e futuro que a consciência negra se constrói. O processo pode ser doloroso, mas é – finalmente – libertador. Conscientes de que somos potências, belezas e riquezas honramos quem lutou (e sangrou) para que a nossa existência fosse preservada.

O meu desejo é seguir criando conjuntamente a consciência do poder da nossa resistência, da nossa força e do nosso brilhantismo. Se quem vem antes merece a nossa reverência, quem vem depois merece o nosso esforço — afirma.

O Brasil precisa devolver aos negros sua dignidade

“O mês de novembro é importante para refletirmos sobre igualdade. Somos todos iguais, mas não há equidade em distribuição de renda, oportunidades de trabalho, acesso à saúde, lazer e educação. É importante para relembrar de onde viemos, da luta de nossos antecessores e do legado do nosso povo ancestral”, diz a editora do portal NSC Total, Andréa da Luz.

Ter consciência negra é manter-se crítico o tempo todo, é olhar para espaços que ainda podemos ocupar, é educar nossos filhos para terem consciência do que representa ser negro num país racista e de como podemos lutar por uma sociedade antirracista através da educação e do agrupamento para fortalecer a luta.

O que desejo é que as futuras gerações tenham forças para não desanimar diante das portas que são fechadas para nós e abertas para outros por causa da cor da pele. Desejo que todos nós possamos nos expressar livremente através de nossa cultura, religiões, cabelos, adereços e danças sem sermos julgados ou rechaçados. Que o Brasil consiga nos devolver a dignidade que historicamente nos foi tirada, e que a reparação seja feita através de cotas, incentivos ao empreendedorismo, acesso à moradia e aos direitos universais. Que sejamos livres de fato — completa.

Resistência e revolução

A jornalista e repórter do g1 SC, Caroline Borges, lembra que neste dia devemos “olhar para dentro”.

— Nos revisitemos e resgatemos a nossa história. E que, assim como Zumbi dos Palmares, sejamos resistência e revolução. Inspirados por Antonieta de Barros, façamos história na política, no jornalismo, na educação e na arte.

Além do dia de festa e da lembrança histórica, reservemos tempo para pensarmos nas estratégias de enfrentamento ao racismo e discriminação. Celebremos o amor, a cultura e as múltiplas existências negras neste país, estados e em cada cidade — afirma Caroline.

Luta por direitos e por respeito

— O novembro negro é importante porque representa a minha história, representa todos os negros que já sofreram e que ainda sofrem algum tipo de discriminação. É o mês símbolo da luta por nossos direitos, por respeito. Uma data para relembrar as lutas dos movimentos negros pelo fim da opressão provocada pela escravidão — defende a repórter cinematográfica, Ana Paula Santos.

— A consciência negra para mim é um momento de reflexão, de relembrar das lutas, dos movimentos negros, das crueldades provocadas pela escravidão, dos sofrimentos dos nossos antepassados e ainda hoje em pleno século 21.

— Uma vez eu li que o futuro é um lugar imaginário, inexistente que povoa a mente de todo ser humano. Mas eu espero que seja um lugar sem discriminação de cor, raça, opção sexual e muitas outras coisas. Espero que eu possa andar tranquilamente sem ter olhares porque sou negra ou lésbica, que não haja mais crimes de ódio e, quando acontecer, que seja cumprida a justiça.

 

 

Fonte: NscTotal