SC teve um feminicídio a cada seis dias em 2024, mostra relatório
SC teve um feminicídio a cada seis dias em 2024, mostra relatório
Santa Catarina registrou 46 feminicídios entre janeiro e outubro de 2024, de acordo com os dados do Observatório de Violência contra a Mulher do Estado (OVM-SC). O número é o equivalente a uma mulher assassinada a cada 6,6 dias.
Em 91,3% dos casos, não havia um boletim de ocorrência feito pela vítima contra o autor do crime, conforme o Observatório. Mais da metade das vítimas (52%) era companheira ou esposa do assassino. A maioria tinha entre 25 e 29 anos.
Quase todos os feminicídios (95,7%) em Santa Catarina ocorreram em áreas urbanas — Blumenau, Joinville, Chapecó, Criciúma e Florianópolis concentram a maioria dos casos. Março foi o mês com o maior número de mortes, 10 no total, enquanto agosto e abril tiveram a menor quantidade, três cada um.
Nesta segunda-feira (25), é celebrado o Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres. A violência contra a mulher inclui várias formas de agressão, como a violência física (agressões e lesões), psicológica (humilhações e controle emocional), sexual (coerção para relações indesejadas), patrimonial (destruição de bens) e moral (calúnias e difamações).
Em Santa Catarina, foram registrados 62.067 casos de violência contra a mulher em 2024. A grande maioria (29.440) foi de ameaça, seguidas por casos de lesão (14.443) e agressão (4.346).
Duas em cada 10 mulheres já foram ameaçadas
Duas em cada dez mulheres (21%) já foram ameaçadas de morte pelo parceiro, namorado ou ex, de acordo com pesquisa do Instituto Patrícia Galvão divulgada nesta segunda-feira (25). Os dados estimam que quase 17 milhões de brasileiras já viveram ou vivem em situação de risco de feminicídio.
A pesquisa também mostra que nove em cada 10 entrevistadas concordam que todo feminicídio pode ser evitado se a mulher receber proteção do Estado e da sociedade. Mas a ampla maioria considera que de nada vale a mulher ter uma medida protetiva se o agressor não respeita essa ordem e nem a polícia garante sua segurança.
Pouco mais de duas em cada três mulheres acham que nada acontece com homens que cometem violência doméstica. A ampla maioria das entrevistadas concorda que se as mulheres ameaçadas de morte contassem com o apoio do Estado se sentiriam mais seguras para denunciar.
Porém, oito em cada 10 entrevistadas concordam que a polícia não leva a sério uma denúncia de ameaça e nem o risco que a mulher corre. Da mesma forma, oito em cada 10 entrevistadas consideram que a Justiça brasileira não dá a devida importância para a violência contra as mulheres.
Medo e dependência econômica
A dependência econômica do agressor foi apontada como o principal motivo para as mulheres que sofrem constantes agressões do marido/parceiro/namorado não conseguirem sair da relação violenta (64%), seguida pela crença de que o homem vai se arrepender e vai mudar (61%).
O medo de ser morta caso termine a relação foi apresentado como motivo por 59% das entrevistadas. Em média, o medo está presente em 46% das razões apontadas para a manutenção das mulheres nas relações violentas — 44% mas mulheres brancas, e 49% nas mulheres negras.
Como denunciar
Santa Catarina tem 32 Delegacias de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e Idoso (DPCAMIs), especializadas no atendimento às mulheres vítimas de violência. Denúncias podem ser feitas nestas delegacias ou pela delegacia virtual, no site da Polícia Civil.
Nos municípios onde não há delegacia especializada, a denúncia também pode ser feita em qualquer delegacia de polícia, além do telefone 181 ou pelo WhatsApp (48) 98844-0011 (telefone de denúncia da Polícia Civil).
Os casos de urgência e emergência são atendidos em todo território catarinense pela Polícia Militar, que pode ser acionada através do telefone 190, ou do aplicativo PM Cidadão, que pode ser baixado em qualquer aparelho de telefone celular.
Fonte: NSC Total
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