Morador de Itapiranga está entre os desaparecidos com fortes chuvas no RS
Ele ficou cerca de 10 horas ilhado antes de ser arrastado pela correnteza
Um morador de Itapiranga está entre os desaparecidos devido às fortes chuvas que atingem o estado do Rio Grande do Sul. O catarinense Carlos Wolfart, de 41 anos, é morador da Linha Dourado, no interior do município e estava com familiares em Sinimbu, onde participaria do casamento do cunhado.
O casamento era de Gilberto Eidt. A cerimônia para cerca de 300 convidados estava marcada para a noite de terça-feira, 30. Carlos seria o padrinho ao lado da esposa, irmã de Gilberto, porém, após ficar cerca de 10 horas ilhado, foi levado pela correnteza de um rio. Wolfart segue desaparecido.
Eidt mora em Santa Cruz do Sul e ofereceu um sítio em Sininbu para que os familiares se hospedassem. Wolfart e a família chegaram na segunda-feira à noite.
“Já estava chovendo e havia uma previsão de enchente, mas pequena. O rio Pardinho, que fica próximo do meu sítio, já deu várias enchentes, mas era sempre aquelas enchentes rápidas. Sobe um pouco e desce rápido. Essa vez foi uma catástrofe inexplicável. Sou proprietário do sítio há 18 anos e nunca vi nada parecido”, afirma.
Preocupação com a chuva
Na terça-feira, Wolfart acordou cedo e ligou para o cunhado, que estava em Santa Cruz do Sul, por chamada de vídeo, pois estava preocupado com a chuva. Na ligação, ele mostrava o nível da água, que já estava alta.
“A cerca de 500 metros do sítio passa um rio e a água começou a subir tanto que em questão de cinco minutos ele tentou voltar, mas o rio já estava passando pelo lago [que tem no sítio] e ele ficou ilhado”, detalha.
Segundo Eidt, todos os esforços foram feitos para salvá-lo. “Eu tinha conseguido dois helicópteros com a ajuda dos órgãos de segurança, só que não foi possível decolar, não tinha teto porque estava chovendo muito e tinha muito raio”.
Tudo que era possível ser feito e todas as forças de segurança foram acionadas para ajudar a resgatá-lo, até que Eidt e dois amigos pegaram dois jetskis para tentar chegar ao local onde o catarinense estava. Foram quase quatro horas para chegar.
“Passamos por cinco enchentes de afluentes menores e isso tomou muito tempo, tivemos que cortar árvore para conseguir passar, tinha desmoronamento, foi terrível. Mesmo assim, chegamos ao rio, que era o nosso interesse, e a meta era salvar meu cunhado. Chegamos a estar à deriva por umas três vezes”, revela Eidt.
Enquanto esperava ajuda, Wolfart ficou em cima de uma árvore, onde conseguiu se manter seguro por um tempo. Ele manteve contato direto com o cunhado, mas não foi possível chegar a tempo.
Quando Eidt e os amigos chegaram ao ponto em que ele estaria, a árvore já havia sido levada pela correnteza. “Eu fiz de tudo para salvar meu cunhado”, afirma.
Após tentar resgatá-lo, Eidt seguiu para o sítio onde estavam outros familiares. “Eles me relataram que cheguei cerca de 25 minutos atrasado. Ele tinha acabado de ir embora com a árvore e até agora não temos notícia nenhuma”, lamenta.
Oito pessoas estavam no sítio, sendo três sobrinhos, entre eles os dois filhos de Wolfart, de 10 e 12 anos, duas irmãs, um cunhado, um tio e uma tia de Eidt. “Todos já estão na minha casa aqui em Santa Cruz do Sul, estão em solo firme”.
Fonte: ND+
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